25 de julho de 2011

Carta para a saudade


Oi Amandão,

Eu escrevi uma carta pro meu pai nessa madrugada e você me veio a cabeça.
Deixa eu te contar o meu ponto de vista da sua ausência esses anos?
Quando você se foi eu trabalhei meu psicológico pra: 'ela foi viajar e não volta mais, perdemos contato' eu me sentia um pouco melhor e consegui acabar o terceiro ano.
Aí eu que fiz o nosso vídeo de formatura, cê viu? Eu queria te colocar em tudo mais que todo mundo, queria fazer uma homenagem decente pra você, mas não me deixaram, eu juro que eu lutei por isso, me desculpa?
Ficou todo mundo abalado mas com aquela sensação que tínhamos que ser fortes. Fortes? 16/17 anos e com uma obrigação de ser forte?
Não sei todo mundo mas depois daquele ano eu não consegui mais ser forte na vida.
Desculpa, Amandinha, mas me pediram pra ser forte e entender pq você se foi assim tão do nada e com apenas 16/17 anos, eu não conseguia entender e até hoje não entendo e até hoje me pergunto 'pq?'.
Aquele dia que nos encontramos num lugar onde você nunca passaria pq mora longe e eu te perguntando: você? Aqui? Pq? e vc: eu! Aqui! Pq sim! .. E ficamos nisso por horas e todo mundo nos olhando, mas foi o momento mais divertido, né? (até ri agora)
Ah, Amandão, você fez com que as pessoas se ligassem emocionalmente, fiz amigos que não imaginaria, que me abraçaram e me salvaram da dor que eu sentia.
Hoje eu sinto saudade, mesmo.
Não consegui continuar no time da escola depois que você saiu, acho que todo mundo percebeu, mas eu continuava falando que zuei o joelho.
Desculpa? Eu sou fraca.
E os anos se passaram, cada um seguiu sua vida, cada um fazendo a faculdade que quer (ou não).
É, eu to fazendo publicidade mas queria mesmo era fotografia.
A gente nunca conversou sobre isso, mas eu sei que sua ambição era tanta que sei também que você ia longe, amiga.
E o prof. Paulo ditou seu futuro: 'Você vai ser presidente.'
E eu tô aqui, sou mesária agora e procuro pelo seu nome lá nos candidatos e eu fico pensando como seria a sua propaganda eleitoral, eu ia rir, desculpa.
Mas enfim, nada disso vai acontecer por um acaso (errado) do destino.
Tinha mesmo que ser assim?
Nunca vou ter essa resposta. Nunca vou ter nenhuma delas, né?
Espero mesmo que você esteja bem e alegrando tudo por aí como você fazia por aqui.
Dá um beijo e abraço que eu nunca vou poder dar no meu pai aí por mim?

Com saudade,

Carla Maia.

Um comentário:

  1. Pois é Amandão, pq ainda é tããão dificil lembrar de você?
    E a cena que sempre me vem na cabeça é essa do "Você? Aqui?" acho que naquele
    momento, eu você e a Carla ali...sem mais nem menos, jogando conversa fora e rindo dos acontecimentos da vida, hoje eu entendo esse momento como uma "despedida".
    Já me questionei, já questionei até Deus...mas nunca encontrei uma resposta, pq você? Pq tão cedo?
    Você seria a "cereja do bolo" na nossa formatura, certeza! Mas tenho certeza que você estava ali, acompanhando aquele momento que também era seu :)
    Hoje, de certa forma, quando encontro com a Carla...é como se você estivesse ali, sempre! A gente nem precisa tocar no seu nome, mas sensação que você está ali, vendo e rindo de todas as nossas besteiras...me alivia tanto!
    Ei, tenho certeza que você está bem (seja lá onde for esse tal "outro lugar"), vou continuar acreditando que você será presidente e que o bolo da minha mãe era "MELHOR DO MUNDO".

    Um dia a gente se encontra ;)

    Jéssica Lima

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